sexta-feira, 22 de março de 2013

Como mudar se não estamos entendendo nada ou preciso restaurar a minha fé na humanidade

Desde que o filme “Tropicália” foi lançado no cinema estou para vê-lo, sempre algo adiava o meu encontro com o documentário. 
Ontem, sai da agência com mais uma das crises de dores na coluna e fui direto para cama com uma bolsa de água quente, um analgésico e um DVD, o Tropicália. Logo na apresentação, a quantidade de patrocinadores do filme me fez chatear. Que “diabos” que é o cinema brasileiro. Como somos pobres. Como é difícil fazer arte no Brasil, no país que é o país dos criativos.

Logo na introdução, a riqueza das falas despretensiosas de Caetano e Gil me fez animar e entrar no filme.

                           Mark Mawson

Explosão de cores!

A divisão entre os anos 67, 68 e 69.

67: minha mãe nasce, o começo do movimento nasce e os festivais nascem!

68: “O Brasil entra no 5º ATO”,  a liberdade cai, e o Tropicalismo Floresce. Uma das minhas músicas preferidas ainda hoje nasce: Panis et Circenses.

69: Caetano e Gil são presos e depois exilados, a ditadura persiste e o Tropicalismo acaba.

Preto no branco , preto e branco... Até 85!

86: eu chego ao mundo e a liberdade democrática já funciona no Brasil.

Hoje, 27 anos depois, a gente ainda não está entendendo nada.

Explosão do nada!

Se a Tropicália pregava a liberdade, tanto do corpo como da cabeça, hoje qualquer tentativa de “revolução” dos “jovens” prega no inconsciente a perseguição.

Na Tropicália não havia crença, não havia preconceito. Tudo podia ser bom. Era proibido proibir e houve barulho, houve reconhecimento.
A mudança, mesmo que não alcançada em sua totalidade, ficou marcada.

Hoje, mesmo nos movimentos que se dizem mais horizontais há repressão. São patrulhadores, são conservadores. A altura do barulho provocado é proporcional à exposição do ridículo.  

Vivemos utopias que não são mais nossas, que não têm mais sentido.
Mesmo o militante mais engajado, nos dias hoje, tem de vencer a briga diária contra o próprio ego e os seus interesses individuais.

Não sabemos fazer um festival. Não sabemos nos divertir por uma causa. Não sabemos mais mudar o mundo.

“A inumanidade que se causa a um outro, destrói a humanidade em mim.” (Kant)