Desde que o filme “Tropicália” foi lançado no cinema estou para vê-lo, sempre algo adiava o meu encontro com o documentário.
Ontem,
sai da agência com mais uma das crises de dores na coluna e fui direto
para cama com uma bolsa de água quente, um analgésico e um DVD, o
Tropicália. Logo na apresentação, a quantidade de patrocinadores do
filme me fez chatear. Que “diabos” que é o cinema brasileiro. Como somos
pobres. Como é difícil fazer arte no Brasil, no país que é o país dos
criativos.
Logo na introdução, a riqueza das falas despretensiosas de Caetano e Gil me fez animar e entrar no filme.
Mark Mawson
Mark Mawson
Explosão de cores!
A divisão entre os anos 67, 68 e 69.
67: minha mãe nasce, o começo do movimento nasce e os festivais nascem!
68: “O Brasil entra no 5º ATO”, a liberdade cai, e o Tropicalismo Floresce. Uma das minhas músicas preferidas ainda hoje nasce: Panis et Circenses.
69: Caetano e Gil são presos e depois exilados, a ditadura persiste e o Tropicalismo acaba.
Preto no branco , preto e branco... Até 85!
86: eu chego ao mundo e a liberdade democrática já funciona no Brasil.
Hoje, 27 anos depois, a gente ainda não está entendendo nada.
Explosão do nada!
Se
a Tropicália pregava a liberdade, tanto do corpo como da cabeça, hoje
qualquer tentativa de “revolução” dos “jovens” prega no inconsciente a
perseguição.
Na
Tropicália não havia crença, não havia preconceito. Tudo podia ser bom.
Era proibido proibir e houve barulho, houve reconhecimento.
A mudança, mesmo que não alcançada em sua totalidade, ficou marcada.
Hoje,
mesmo nos movimentos que se dizem mais horizontais há repressão. São patrulhadores, são conservadores. A altura do barulho provocado é
proporcional à exposição do ridículo.
Vivemos utopias que não são mais nossas, que não têm mais sentido.
Mesmo
o militante mais engajado, nos dias hoje, tem de vencer a briga diária
contra o próprio ego e os seus interesses individuais.
Não sabemos fazer um festival. Não sabemos nos divertir por uma causa. Não sabemos mais mudar o mundo.
“A inumanidade que se causa a um outro, destrói a humanidade em mim.” (Kant)